Do colorir o corpo a... ‘digitaliza-lo’
Dentro do espírito das férias, resolvi fazer uma tatuagem... Mas uma removível, pois das definitivas ainda não encontrei 'aquela' que me convencesse ‘até à eternidade’... :)
E, como vocês sabem, gostando eu de ‘investigar’ a origem das coisas,
lembrei-me de conhecer a História desta pintura corporal mais a
fundo.
Parece então que a prática de marcar o corpo é tão antiga quanto a própria
humanidade.
O registo mais antigo foi encontrado no chamado ‘Homem do Gelo’, uma múmia
com uns 5300 anos, descoberta nos Alpes em 1991.
No Egito encontraram-se múmias femininas, datadas de 2000 anos a.C., com
tatuagens na zona abdominal, provavelmente ligadas a cultos de
fertilidade.
Mas esta prática estendeu-se por todos os continentes, embora com
diferentes finalidades: ornamentação, camuflagem, rituais religiosos, marcação de
escravos e prisioneiros, como identificação de grupos sociais, etc.
No Ocidente, acabou por cair em desuso com o cristianismo, que a
proibiu.
Voltou com James Cook, que, na sua sua expedição à Polinésia, relatou a
tradição deste povo, homens e mulheres, de pintarem o seu corpo, injetando
pigmento preto, ao qual chamavam ‘tatau’ :)
Também Charles Darwin, cem anos depois, chegaria à conclusão, nos seus
estudos, que todos os povos da Terra tinham conhecido a tradição das tatuagens.
Com a invenção da máquina de tatuar, esta pintura espalhou-se em maior
escala, tornando-se até moda para alguns.
Se já tinham sido um culto, para muitas mulheres, em sociedades da Antiguidade, no século XX não eram bem vistas no sexo feminino. Quem as
fizesse era olhada como uma ‘atracção circense’, literalmente, e colocada
até em exposição ao publico.
Horrível, mas verdade!
Por longos anos foram um símbolo de desvio e de rebeldia, até que as
Pin-ups lhes deram outro significado: rebeldes sim, mas também feministas e donas
do seu próprio corpo!
Uma das mulheres que mais 'marcou', em todos os sentidos :), a História da Tatugem foi Maud Stevens.
Ela nasceu nos Estados Unidos em 1877 e começou por trabalhar em Circos
como contorcionista e trapezista.
Com quase trinta anos conheceu Gus Wagner, um tatuador que se descrevia
como 'o homem artisticamente mais marcado da América'. Tinha na altura 264
tatuagens.
Apaixonaram-se, casaram-se, e tiveram uma filha: Lovetta.
O casal, usando a técnica artesanal ponto por ponto, percorreu o país como
tatuadores, mas também como atracções de espectáculos burlescos, em feiras
e casas de jogo.
Maud, que também se tatuava a si própria, tinha o corpo coberto de desenhos
patrióticos, e outros típicos da época, como borboletas, cavalos, leões,
mulheres, árvores, e até o seu nome no braço esquerdo.
Interessante é que Maud, apesar de cobaia do marido, nunca permitiu que
este tatuasse a filha, e quando este morreu, Lovetta decidiu que se não tinha
sido tatuada pelo pai não o seria por mais ninguém!
Mas também se tornou tatuadora.
Imagem da Internet
Hoje em dia a tatuagem pode ser um simples desenho ou ter dezenas de cores,
cobrir o corpo de preto, ser 3D ou até mesmo só brilhar no escuro.
Mas o seu futuro vai mais longe: várias empresas estão a criar aplicativos
para tatuagens digitais. Trata-se de um dispositivo eletrónico, ultrafino, que
adere à pele ou é inserido debaixo dela.
As suas possibilidades são muitas e variadas, nomeadamente no campo da
saúde, possibilitando o acompanhamento do estado de saúde de um doente em tempo
real, e até de permitir a conexão com dispositivos eletrónicos apenas com uma
ordem do cérebro.
Um dia, talvez mais cedo do que pensa, a sua máquina de café começa a
trabalhar assim que você acorda, e o seu telemóvel vai ficar no 'silêncio' pois
detetou que você está concentrado... Ou a fazer algo mais interessante e não
quer ser incomodado! ;)
Imagem da Internet