25 de agosto de 2020
Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs - II
E tu, és uma Apranik?
No seguimento do ultimo post, sobre as mulheres que escolhi para, no meu romance, serem as Guardiãs do Diário de Maria Madalena, vem a guerreira Apranik.
Apranik viveu no séc VII e foi uma comandante militar da resistência Persa.
Apesar do valor e da influência que teve no seu tempo, não existe muita informação sobre ela, mas a sua história sobreviveu nas lendas populares.
Filha de um distinto general Persa, a jovem ingressou no exército assim que terminou os seus estudos.
Importa dizer que, na altura, a vida das mulheres no Império Persa era bem melhor que a de hoje. A mulher era venerada e respeitada, ocupando cargos influentes, tanto a nível militar, como no Estado.
Muitas dinastias Persas foram governadas por Imperadoras, e muitos exércitos estavam sob as ordens exclusivas de comandantes femininas. Também sabemos que na Pérsia, homens e mulheres que exerciam a mesma profissão recebiam salários iguais. O género não afectava a capacidade de ninguém conseguir um emprego, pelo contrário, as mulheres grávidas e as mães pela primeira vez recebiam salários mais altos para mostrar o apoio e o apreço que a sociedade tinha por elas. Grande evolução a nossa, não?!
Voltando a Apranik, ela assumiu o comando quando já pouco restava da resistência do exército Persa. E mesmo após a queda do império, ela nunca desistiu da sua luta, defendendo sempre a máxima: ‘Sem recuo e sem rendição!’.
Por isso ela se tornou a imagem da resistência, e o seu cavalo branco o símbolo da liberdade.
E, mesmo após a sua morte, sempre que uma mulher soldado mostrava coragem e resistência, era chamada de ‘Apranik’.
Por isso a escolhi como uma das Guardiãs, porque ela nos ensina a não desistir, mesmo quando todas as probabilidades estão contra nós. Porque a vida nem sempre é vencer ou perder, por vezes é lutar pelo que acreditamos, independentemente do resultado.
3 de agosto de 2020
Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs - I
Uma das coisas que muito me apraz fazer quando escrevo um romance, para além de
imaginar toda uma trama, obviamente, é pesquisar sobre algo que vai preencher
essa estória. Neste romance foram as mulheres extraordinárias que já tivemos na
nossa História. E, acreditem, que foi bem difícil escolher as que iriam ficar.
Vou dar-vos, em alguns posts seguintes, exemplos de algumas. A primeira que
escolhi para figurar no romance como uma das Guardiãs do Diário de Maria
Madalena, foi... Hipácia de Alexandria. Hipácia viveu entre os anos de 355 e 415
d.C e é apontada como a primeira mulher cientista. Possuía um alto nível de
inteligência, alcançando a posição de directora da Academia de Alexandria aos 30
anos, onde lecionou filosofia e astronomia, além de ter escrito diversos textos
sobre geometria e álgebra. Era procurada por solucionar problemas matemáticos de
forma notável. A ela são creditadas as invenções do astrolábio e de um
instrumento para destilar a água. Quando lhe perguntavam porque nunca tinha
casado, dizia ser ‘casada com a verdade’ pois dedicava todo o seu tempo aos
estudos. Era pagã, e conhecida por tratar as pessoas de forma igual,
independentemente da sua origem ou religião. Não é de estranhar que a Igreja a
tivesse perseguido, pois não aceitava mulheres solteiras dedicadas á ciência,
muito menos aquelas que defendiam que as ‘religiões dogmáticas não deviam ser
aceites por pessoas com autoestima’. Hipácia, depois de muito resistir, foi
atacada por uma multidão de cristãos enfurecidos, e arrastada violentamente
pelas ruas de Alexandria. A cientista foi cruelmente torturada numa igreja, onde
acabou por morrer, sendo depois atirada para uma fogueira. Dela ficaram frases
de ensinamento, sendo esta uma das mais importantes para mim: «As fábulas devem
ser ensinadas como fábulas, mitos como mitos, e milagres como fantasias
poéticas. Ensinar superstições como se fossem verdadeiras é terrível. A mente da
criança aceita e acredita nelas, e somente com muita dor, e talvez tragédia, ela
pode se livrar delas ao longo dos anos.»
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