22 de novembro de 2020

Livros para o Natal » Sinopses

 



ROMANCES POLICIAIS:




                                  
                                    « O Segredo da Serra da Lua »

O segredo da Serra da Lua é um romance inspirado numa reportagem jornalística sobre a existência de rituais de magia negra na Serra de Sintra.

Nessa reportagem levantava-se a possibilidade de alguns desaparecimentos de crianças no nosso país, estarem relacionados com esses rituais satânicos, numa Serra que, defendem os entendidos, tem tudo para servir esse mundo de espiritismo e crença: antas, vilas romanas, túneis e grutas; envoltos numa floresta onde habitualmente cai um estranho nevoeiro…

Um jovem casal, já a viver uma grave crise na sua relação, torna-se vítima de uma seita, poderosa e cruel.

Se a desconfiança já pairava entre eles, agora tem o seu domínio pleno, pois alguém próximo, muito próximo, está prestes a fazê-los perder tudo, até o amor pela própria vida.

Conseguirão encontrar forças para se libertarem desta aglutinante teia? Ou terão de abandonar os mais profundos ceticismos para recuperarem o que mais prezam no mundo?

O “Monte da Lua”, como também é chamada, irá tornar-se o cenário de uma história que, começando com um mero acidente automóvel, desenrolar-se-á num complicado enredo sobre amor e ciúme, desconfiança e religião, ceticismo e fé, realidade e algo para além disso…


                               

                                   « Por trás da Cara de um Anjo »


Duas amigas, Luísa e Natália, sócias de uma loja de antiguidades, são vítimas de um atentado.

Uma sobrevive, mas a outra não.

Manuel, um conceituado cirurgião plástico, marido de uma e com uma relação secreta com a outra, é chamado ao hospital.

A suspeita da origem do atentado recai sobre a amante, Natália, que todos julgam estar morta.

Mas Manuel acredita que é ela a sobrevivente. Apaixonado, e para a proteger, dá-lhe o ‘corpo’ da sua esposa: Luísa.

Esta, após alguns meses de coma, acorda quase sem memória.

E é nesta condição, que terá de descobrir quem era verdadeiramente a sua sócia, quem é o homem que tem ao seu lado, que seita quer destruir o Vaticano e, acima de tudo, quem é ela afinal.

...E a resposta para tudo isto pode estar no Diário de Maria Madalena.


'A Ordem das Rainhas'

Neste romance, Filipa de Lencastre criou 'A Ordem das Rainhas’ para proteger o Diário de Maria Madalena.

Infelizmente, e na realidade, a Igreja destruiu muitos evangelhos que não queria que conhecêssemos.

Mas o que chegou até nós deixa no ar dúvidas legitimas:

E se fosse Maria Madalena a fundadora do primeiro cristianismo?




LIVROS INFANTIS:





              « Carlota e o Gato Pinky - A História dos Gatos »


'A Historia dos Gatos' é um livro onde o Gato Pinky conta à sua dona Carlota, uma menina de 7 anos, as aventuras e desventuras da sua espécie ao longo dos tempos. 

Neste conto ficarás a saber que os gatos foram tratados como Deuses no tempo do Antigo Egipto, que já foram associados a bruxas na Idade Média, e até que ajudaram a Humanidade a acabar com a Peste, uma doença que matou muitas pessoas.

Hoje fazem parte da nossa familia, pois habituá-mo-nos à sua presença, sempre curiosa, meiga e divertida.
Este livro, embora dirigido a crianças, torna-se transversal a todas as idades, pois nunca é demais lembrar a importância dos animais, como se adaptaram às nossas vidas, e o que devemos a todos eles.

Neste caso, ao nosso amigo felino: o Gato doméstico.






                       « Teca, uma Cobaia na Biblioteca »


'Teca é uma cobaia Wistar, que fugiu de um laboratório onde se faziam experiências em animais.
Como resultado destes ensaios, ela ficou com o seu pelo azul.
Um dia conseguiu fugir e acabou por se esconder na biblioteca do Palácio de Mafra, pois é muito esperta e gosta de ler.
Aqui fez dois amigos: o morcego Orelhas e a traça Laça.
Com eles, e com uma menina que ali vai conhecer, irá viver uma grande aventura, que pode colocar a sua vida novamente em perigo...
Será que vai acabar bem?'

18 de outubro de 2020

Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs IV

 


No dia 17 de Setembro de 1179 fez-se silêncio no Convento de Rupertsberg: falecia a abadessa Hildegarda de Bingen.

A Guardiã seguinte.

A sua vida de naturalista, terapeuta, teóloga, compositora, poeta, música e dramaturga, terminou aos 81 anos. Foi considerada 'Santa' e 'Doutora da Igreja'.

Porque a escolhi, se era assim tão religiosa?

Hildegarda não era uma comum seguidora dos dogmas católicos, como aqueles que separavam a alma do corpo, e apresentavam Eva como uma traidora.

Para ela a saúde do corpo influenciava o espirito; homem e mulher estavam interligados, e muitas vezes representava Deus como a 'mãe' que amamentava a Criação.

Ela salientou-se numa época em que a intelectualidade estava reservada aos homens, por isso muitos a consideram a primeira feminista da História.

Na altura, muitas famílias preferiam ver suas filhas num convento do que nas mãos de um bruto senhor feudal. Até porque aqui elas conseguiam alcançar um grau de conhecimento muito superior. Ela acabou por se tornar instrutora e conselheira de reis, imperadores, clérigos, Papas, e foi até reformista, criando mosteiros onde só as mulheres estavam no comando.

Num mundo medieval dominado pela insegurança, pelo clero e por senhores feudais, ela não se deixou dominar. Com muita habilidade e trabalho, construiu e administrou dois conventos, escreveu livros de teologia, medicina e ciências naturais, e compôs música sacra. Ela é uma das primeiras compositoras de ópera da História.

No convento, a abadessa afrouxou as regras beneditinas, e acabou com as procissões de freiras que pareciam actos fúnebres. A música era muito importante para Hildegarda. Assim, para receberem o sacramento da comunhão, as suas freiras, vestidas de branco, enfeitadas com flores e com os seus longos cabelos soltos, entoam canções que ela mesmo compunha.

No seu mosteiro, para além de compor peças de teatro e obras musicais, ela cuidava da saúde das moradoras. Não confiava na água do rio da região, aconselhando que as pessoas bebessem cerveja.

Por todas as barreiras que rompeu, Hildegarda foi adoptada como ícone por algumas feministas.

O seu nome batiza um planeta e a ela é atribuída a criação da água de lavanda.

Para Hildegarda de Bingen, Deus existe para aqueles que acham que ele existe.


11 de outubro de 2020

Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs III


A Guardiã seguinte foi escolhida pela sua controvérsia e pela determinação que mostrou em chegar ao trono da China:

A Imperatriz Wu Zetian.

Apesar de viver num país patriarcal e sexista, seu pai sempre a encorajou a ler, escrever, e a desenvolver o seu raciocínio.

Começou como lavadeira no palácio, mas não se importou em quebrar protocolos, procurando conversar com o Imperador sempre que com este cruzava nos corredores. Depressa, esta intimidade, a fez ser promovida a secretária, o que lhe permitiu aproximar-se da política e do poder. Apesar de, inicialmente, ser apenas mais uma concubina, os chefes de Estado acabaram apaixonando-se por ela, e assim conseguiu afastar esposas e outras rivais concubinas.

Naturalmente, Wu Zetian acabou por se tornar imperatriz em 655.

Esta união tinha grandes opositores, pois consideravam este casamento incestuoso.  Ela já tinha sido amante do pai do Imperador. Todavia, e como se costuma dizer, a sorte favorece os audazes. O soberano teve um AVC grave e Wu assumiu todas as funções de chefe de Estado.

Uma das suas medidas imediatas foi decretar a morte das antigas rivais.

Não hesitou também em afastar do poder os seus próprios filhos, governando a China durante 15 anos.

Controlou o seu império com uma rede de espiões e policia secreta, evitando que qualquer oposição tivesse tempo para ganhar  força.

No entanto, viciada em afrodisíacos e dedicando quase toda a atenção aos seus concubinos, Wu desvirtuou os assuntos do Estado,

acabando por entregar o trono ao único filho ainda vivo.

Porque a escolhi, se não era propriamente um poço de virtudes?

A guardiã de algo tão precioso, como o Diário de Maria Madalena, teria de ser mulher, determinada, e instruída.

E Wu Zetian era tudo isso.

O mundo onde se perdeu era aquele que conhecia de bem perto, o qual, se fosse homem, teria sido aceite com toda a normalidade.

Sim, também por isso.

 

30 de setembro de 2020

Teca esteve noutra Biblioteca...

É verdade,

esteve na Biblioteca Cardoso Lopes 

 
 
 



 

 

É verdade, o terminei o mês da Literacia de um modo muito feliz

O meu livro 'Teca - Uma cobaia na Biblioteca' foi lido apresentado numa Escola da Amadora, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.









22 de setembro de 2020

Sobre máscaras...

Sobre máscaras... 

Confesso, quando saio à rua e vejo tanta gente de máscara ainda me faz alguma confusão. É como se, de repente, não pertencêssemos aqui, fossemos uns estranhos no nosso próprio planeta, ou este, cansado de nós, quisesse correr connosco...
 
Mas as máscaras não são uma inovação da actualidade. 
Já no passado o ser humano foi obrigado a pensar nelas de modo a tentar proteger-se.
 
Aliás, uma delas foi bem emblemática e até hoje associada à peste negra: uma máscara com um bico de pássaro, que acompanhava um traje esquisito, uma espécie de vestido. 

Este trajo – bem 'creepy' por sinal ! - era envergado no séc 17 pelos médicos da altura.
 
Naquela época pensava-se que a disseminação das doenças infeciosas se fazia através dos odores fétidos que provinham da putrefação de matéria orgânica e da água contaminada.
 
Ora, a ideia daquele enorme bico de pássaro era armazenar toda uma combinação de ervas e especiarias, como antídotos desse venenos. Chegavam a colocar mais de 50 ervas, numa tentativa de purificar o ar que respiravam.
 
Infelizmente, apesar de criativa e, suponho, trabalhosa, esta máscara só serviu mesmo como fantasia, aliás, foi até chamada às peças de teatro em Itália, na 'Commedia dell'Arte' e perdura até aos dias de hoje.

As primeiras máscaras 'cirúrgicas' começaram a ser utilizadas pelos médicos em 1897. O material consistia num lenço amarrado ao redor do rosto.
 
Mas não eram concebidas para filtrar doenças transmitidas pelo ar; elas eram usadas para impedir que os médicos, ao tossir, ou espirrar, projetassem gotículas nas feridas dos pacientes durante a cirurgia.
 



Em 1910, uma outra praga de peste bubónica estourou no norte da China, provocando uma verdadeira corrida científica para conter o surto.
 
Até parece coisa dos dias de hoje...
 
Foi um jovem médico chinês, contratado pela Corte Imperial Chinesa para ajudar no combate à doença, que descobriu que a praga não era transmitida por pulgas, como todos suspeitavam, mas pelo ar. A partir das máscaras cirúrgicas criadas no Ocidente, Wu desenvolveu uma máscara mais dura feita de gaze e algodão e enrolou-a à volta do rosto, adicionando várias camadas de pano para filtrar as inalações.
 
A sua invenção foi um grande avanço, pois não só ajudou a impedir a propagação da praga, como se tornou o símbolo da ciência médica moderna.
 
A Gripe Espanhola, que, apesar do nome, surgiu nos EUA, foi também combatida com a ajuda deste acessório.
 
Esta pandemia aconteceu em três ondas, e a segunda foi a mais severa. Quando as medidas de proteção e distanciamento abrandaram, a pandemia voltou, mais forte ainda.
 


Uma lição para os dias de hoje...
 
No total, a Gripe Espanhola, matou pelo menos 50 milhões de pessoas (alguns estimam o dobro), além de infectar um terço da população global. Fez mais vítimas que as duas Guerras Mundiais, a Guerra do Vietname e a da Coreia, juntas.
 
Um dos cartazes da Cruz Vermelha, na época, dizia: “Tosse e espirros espalham doenças, algo tão perigoso quanto gás venenoso".





 

1 de setembro de 2020

Teca, uma Cobaia na Biblioteca - O meu novo livro infantil

Teca é uma cobaia Wistar, que fugiu de um laboratório onde se faziam experiências em animais. Como resultado destes ensaios, ela ficou com o seu pelo azul. Um dia conseguiu fugir e acabou por se esconder na biblioteca do Palácio de Mafra, pois é muito esperta e gosta de ler. Aqui fez dois amigos: o morcego Orelhas e a traça Laça. Com eles, e com uma menina que ali vai conhecer, irá viver uma grande aventura, que pode colocar a sua vida novamente em perigo... Será que vai acabar bem?

25 de agosto de 2020

Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs - II

E tu, és uma Apranik?
No seguimento do ultimo post, sobre as mulheres que escolhi para, no meu romance, serem as Guardiãs do Diário de Maria Madalena, vem a guerreira Apranik. Apranik viveu no séc VII e foi uma comandante militar da resistência Persa. Apesar do valor e da influência que teve no seu tempo, não existe muita informação sobre ela, mas a sua história sobreviveu nas lendas populares. Filha de um distinto general Persa, a jovem ingressou no exército assim que terminou os seus estudos. Importa dizer que, na altura, a vida das mulheres no Império Persa era bem melhor que a de hoje. A mulher era venerada e respeitada, ocupando cargos influentes, tanto a nível militar, como no Estado. Muitas dinastias Persas foram governadas por Imperadoras, e muitos exércitos estavam sob as ordens exclusivas de comandantes femininas. Também sabemos que na Pérsia, homens e mulheres que exerciam a mesma profissão recebiam salários iguais. O género não afectava a capacidade de ninguém conseguir um emprego, pelo contrário, as mulheres grávidas e as mães pela primeira vez recebiam salários mais altos para mostrar o apoio e o apreço que a sociedade tinha por elas. Grande evolução a nossa, não?! Voltando a Apranik, ela assumiu o comando quando já pouco restava da resistência do exército Persa. E mesmo após a queda do império, ela nunca desistiu da sua luta, defendendo sempre a máxima: ‘Sem recuo e sem rendição!’. Por isso ela se tornou a imagem da resistência, e o seu cavalo branco o símbolo da liberdade. E, mesmo após a sua morte, sempre que uma mulher soldado mostrava coragem e resistência, era chamada de ‘Apranik’. Por isso a escolhi como uma das Guardiãs, porque ela nos ensina a não desistir, mesmo quando todas as probabilidades estão contra nós. Porque a vida nem sempre é vencer ou perder, por vezes é lutar pelo que acreditamos, independentemente do resultado.

3 de agosto de 2020

Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs - I

Uma das coisas que muito me apraz fazer quando escrevo um romance, para além de imaginar toda uma trama, obviamente, é pesquisar sobre algo que vai preencher essa estória. Neste romance foram as mulheres extraordinárias que já tivemos na nossa História. E, acreditem, que foi bem difícil escolher as que iriam ficar. Vou dar-vos, em alguns posts seguintes, exemplos de algumas. A primeira que escolhi para figurar no romance como uma das Guardiãs do Diário de Maria Madalena, foi... Hipácia de Alexandria. Hipácia viveu entre os anos de 355 e 415 d.C e é apontada como a primeira mulher cientista. Possuía um alto nível de inteligência, alcançando a posição de directora da Academia de Alexandria aos 30 anos, onde lecionou filosofia e astronomia, além de ter escrito diversos textos sobre geometria e álgebra. Era procurada por solucionar problemas matemáticos de forma notável. A ela são creditadas as invenções do astrolábio e de um instrumento para destilar a água. Quando lhe perguntavam porque nunca tinha casado, dizia ser ‘casada com a verdade’ pois dedicava todo o seu tempo aos estudos. Era pagã, e conhecida por tratar as pessoas de forma igual, independentemente da sua origem ou religião. Não é de estranhar que a Igreja a tivesse perseguido, pois não aceitava mulheres solteiras dedicadas á ciência, muito menos aquelas que defendiam que as ‘religiões dogmáticas não deviam ser aceites por pessoas com autoestima’. Hipácia, depois de muito resistir, foi atacada por uma multidão de cristãos enfurecidos, e arrastada violentamente pelas ruas de Alexandria. A cientista foi cruelmente torturada numa igreja, onde acabou por morrer, sendo depois atirada para uma fogueira. Dela ficaram frases de ensinamento, sendo esta uma das mais importantes para mim: «As fábulas devem ser ensinadas como fábulas, mitos como mitos, e milagres como fantasias poéticas. Ensinar superstições como se fossem verdadeiras é terrível. A mente da criança aceita e acredita nelas, e somente com muita dor, e talvez tragédia, ela pode se livrar delas ao longo dos anos.»

19 de junho de 2020

Entrevista

Ontem tive a surpresa de ser entrevistada por duas alunas do 7ª ano de uma Escola da Amadora, no âmbito de um trabalho de Português.

 

❤❤❥💖💖💗💗💗💗💗💗❤❤❤❤❤❤❤❤
 
 
Entrevistamos…


Na passada quinta-feira entrevistamos (via skype) a escritora e pintora Carolina de Sousa, pois já escreveu vários livros para miúdos e graúdos.

Por outro lado também decidimos entrevistá-la porque era um trabalho para escola.

Bom dia Carolina como está?

Bom dia meninas. Estou bem, dentro dos possíveis.

Queríamos fazer-lhe algumas perguntas, como, por exemplo, onde nasceu?

Nasci em Lisboa a 17 de março de 1967.

Quando começou a escrever?

Desenhar foi a minha primeira vocação, mas na banda desenhada aparecia já a vontade de imaginar histórias e narrativas. Com a adolescência, senti a poesia a despertar, talvez como forma de expressar sentimentos e inquietações, próprias da idade. Mais tarde, já a trabalhar numa editora discográfica, desenhei capas para vinil, escrevi letras para canções e também as biografias para os cantores.

Que formação teve?

Formei-me em Estilismo, Gestão da Indústria Têxtil e Design de Interiores.

Em relação à pintura e à escrita o que nos pode dizer?

A pintura fez-me perder a hesitação de mostrar a minha criatividade ao mundo, por isso expus a minha arte na Pousada da Juventude de Oeiras, na Artekenosune e na Artever. Aqui conheci alguns mestres e grandes pessoas. Na escrita sempre me encantei com livros de mistério, talvez por essa razão escrevi alguns contos, que mantive muitos anos apenas na família e amigos mais próximos, e também por eles, acabei por os publicar. O primeiro livro que publiquei foi “O Segredo da Serra da Lua”, em 2014, que é um romance sobre desaparecimento de crianças em rituais na serra de Sintra. Porem, não podia deixar para trás a vontade de desenhar e contar histórias infantis, então, em 2016, publiquei e ilustrei o livro “Carlota e o Gato Pinky – A História dos Gatos. Entre essas duas vertentes as obras vão surgindo...

Já participou em revistas ou jornais?

Sim, já escrevi artigos para revistas e, anualmente, participo em diversas antologias de poemas e contos temáticos.

Obrigada por nos ter contado um pouco de si e esperamos que fique bem.

Não têm de agradecer. Foi um prazer ajudar-vos.

 
Trabalho realizado por:
Carlota Antunes e Inês Andrada

Obrigada às duas.

😍😍😍😍😍😍😍😍😍



28 de maio de 2020

Quarentena – Memórias de um País Confinado

A minha participação na antologia da Chiado Editora

# Quarentena – Memórias de um País Confinado #


O REI

E um dia ele chegou
para exigir o que era seu
trouxe consigo a coroa
a pandemia
a calamidade
e o reino da fraca criatura atacou.
A fraca criatura lutou,
mascarada,
lutou pela sua vida,
enclausurada,
e esperou, fechada,
um milagre, uma salvação…
Mas um dia, esta fraca criatura,
que sempre se julgou maior,
confiou ganhar a guerra
e saiu, saiu para a rua,
saiu da clausura, da solidão,
e, cedo, gritou vitória!
Mas o Rei assim não quis,
o seu reino estava mais azul
e assim queria ficar
E a fraca criatura perdeu a batalha,
e outra, e mais outra…
A pandemia voltou,
a calamidade chegou,
e a coroa ficou.
Não,
desta vez o Rei não cedeu.
Não, desta vez…
a fraca criatura perdeu.

8 de março de 2020

POR TRÁS DA CARA DE UM ANJO


O meu novo romance!

Fiz questão que a data da sua publicação fosse hoje, Dia da Mulher.

O romance, apesar de seguir uma trama descrita na sinopse, tem também apoio para o seu enredo, na biografia de inúmeras mulheres importantes da nossa História.
Algumas conhecidas, outras que o deviam ser...
Baseia-se também na procura do Diário de Maria Madalena que, alguns estudos defendem, poderia ter criado uma Igreja muito diferente da que temos hoje.

Um romance dedicado às mulheres, mas que todos vão acabar por se envolver.



Sinopse


Duas amigas, Luísa e Natália, sócias de uma loja de antiguidades, são vítimas de um atentado. 
Uma sobrevive, mas a outra não.

Manuel, um conceituado cirurgião plástico, marido de uma e com uma relação secreta com a outra, é chamado ao hospital.

A suspeita da origem do atentado recai sobre a amante, Natália, que todos julgam estar morta.

Mas Manuel acredita ser ela a sobrevivente. Apaixonado, e para a proteger, dá-lhe o ‘corpo’ da sua esposa: Luísa.

Esta, após alguns meses de coma, acorda quase sem memória.

E é nesta condição, que terá de descobrir quem era verdadeiramente a sua sócia, quem é o homem que tem ao seu lado, que seita quer destruir o Vaticano e, acima de tudo, quem é ela afinal.

...E a resposta para tudo isto pode estar no Diário de Maria Madalena.





24 de fevereiro de 2020

PORTO SENTIDO

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Do meu cantinho saí, por poucos dias, para recordar alguns traços do Porto, que há muito não visitava.
Talvez poucos saibam que existiram planos reais para a demolição de grande parte da zona histórica desta cidade. Actualmente não existe um ‘novo’ Porto porque nas décadas de 1940 e 1950 Portugal estava a passar por uma grande crise económica e não teve capacidade financeira para essa renovação.
É verdade, se hoje a cidade é considerada Património Mundial, é graças a essa crise.
Mas tem também outras curiosidades…
Ao longo da História o Porto ficou conhecido por ser uma cidade burguesa que premiava a meritocracia e desprezava os privilégios adquiridos pelo nascimento. Um exemplo disso era negar aos nobres e altos membros do clero o direito a aposentarem-se naquela cidade, como faziam em muitas outras. Este direito obrigava os súbditos do rei a ceder a sua casa a altos membros, e era frequente estes exigirem aos seus anfitriões dinheiro, roupas, animais e mantimentos, e exercerem outros excessos. Para escaparem a esta indigência, os habitantes tornavam-se mercadores e marinheiros, viajando para terras distantes e por muito tempo.
E por falar em curiosidades…
Parei em primeiro lugar junto à Estação de S Bento.

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Quem diria, hoje em dia, no centro de toda aquela agitação, que aquele edifício tinha sido um convento de freiras beneditinas?!
Os lindos azulejos representam cenas históricas como o casamento de Filipa de Lencastre com D. João I, a conquista de Ceuta, cenas rurais, procissões…
Esta obra de arte de cerca de 20 mil azulejos, colocados em 1915, faz desta Estação uma das mais bonitas do mundo.

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E não sabem eles da lenda do fantasma…
É verdade. Um fantasma doce e recatado, teimoso em vida e que, segundo a lenda, ainda percorre os corredores da estação de São Bento. E porquê?
Como escrevi, existiu precisamente no local da estação, o extinto convento Beneditino das Freiras de São Bento de Avé Maria, e este convento contava com numerosas religiosas.
Em 1834 sai o decreto de extinção das ordens religiosas em Portugal, façanha de Joaquim de António de Aguiar, mais conhecido por “mata frades”. Esse famoso papel decretava a extinção imediata das ordens masculinas (e confiscação das suas propriedades), a proibição de que novas freiras professassem os seus votos e a extinção dos conventos por morte da última freira que lá residisse nesse ano.
Foram tempos de grandes dificuldades para as ordens religiosas femininas, encapsuladas num tempo que já não lhes pertencia. O convento de São Bento não foi excepção, tendo vendido a maior parte das suas preciosas alfaias de prata em praça pública. O edifício desmoronava-se e as abadessas lá foram morrendo, uma a uma.
A última abadessa, no entanto, morreu “apenas” em Maio de 1892. Mais de 58 anos após a extinção das ordens religiosas em Portugal! E só assim se pôde abrir caminho para a construção da estação de São Bento.
Diz-se que, teimoso mas serenamente, o fantasma da última abadessa do extinto convento ainda hoje percorre os corredores da estação de São Bento, sendo ouvidas as suas rezas nas poucas horas mortas da estação, quando o ruído é menor. Mas apenas para os ouvidos mais atentos… Que o Porto só se desvenda às almas pacientes 









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Voltei depois à Praça Almeida Garrett, que fora outrora um importante ponto de comércio, festas e romarias, para subir à Igreja dos Clérigos.
( E que linda turista encontrei pelo caminho! )
A história desta Igreja está ligada à Irmandade dos Clérigos Pobres, que resultou da fusão de três instituições de beneficência. Estas instituições foram criadas na cidade do Porto durante o século XVII, com a finalidade de auxiliarem clérigos em dificuldades.
O Edifício de estilo barroco foi projectado pelo arquitecto italiano Nicolau Nasoni, que tem várias obras nesta cidade. O arquitecto não pretendia receber qualquer remuneração pela construção, mas queria ser sepultado na igreja quando morresse.
Mais curiosidades…

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O elemento mais conhecido desta obra é, obviamente a Torre dos Clérigos. Este monumento, feito em granito, tem 6 andares, 75 metros de altura e uma escadaria interior com 240 degraus! Cansados, conseguimos, como prémio, admirar uma bonita vista panorâmica da cidade e pensar que, quando foi construída, era o edifício mais alto de Portugal.
Mas há mais… Quem sobe aqueles degraus, desconhece que, bem por baixo dos seus pés, decorre uma importante operação. Não é secreta, mas forense.
Uma equipa de antropologia forense, arqueólogos e outros técnicos, iniciou um trabalho meticulosamente preparado.
Tudo começou com um acaso. No final das obras de restauro da Igreja dos Clérigos em 2014, foi descoberta uma cripta por baixo do soalho de madeira junto do altar-mor.
Era uma cápsula fechada no tempo. Mal os olhos se habituaram à escuridão, verificou-se a existência de vários caixões e respectivos restos mortais. De quem seriam?
Por mim aposto que um deles será o arquitecto italiano Nicolau Nasoni.
Se pediu para ali ser sepultado… Ganhou merecidamente esse direito.

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Perto da Torre dos Clérigos temos o café Porta do Olival, o mais antigo da cidade, datado de 1857.
Quando a muralha Fernandina foi construída, a Porta mais importante da cidade situava-se mesmo ao lado desse café.
Mas poucos falam deste lugar, pois quando se fala em café no Porto, todos nomeiam o Magestic, considerado o sexto café mais bonito do mundo.
É também um café histórico. A sua relevância advém tanto da ambiência cultural que o envolve, nomeadamente a tradição do café tertúlia, onde se encontravam várias personalidades da vida cultural e artística da cidade, como da sua arquitectura de identidade Arte Nova.
Inaugurado em 17 de Dezembro de 1921, com o nome de Elite, o café, situado no n.º 112 da Rua de Santa Catarina, esteve desde logo associado a uma certa frequência das pessoas distintas da época. Um dos que estiveram presente na inauguração foi o piloto aviador Gago Coutinho, acabado de chegar de uma viagem à ilha da Madeira, e que ficou encantado com o esplendor da decoração Arte Nova.
No ano seguinte o nome mudaria para Majestic, sugerindo o chic parisiense, mais de encontro à clientela que pretendia atrair, e tão apreciado na época. Frequentaram o café nomes como Teixeira de Pascoaes, José Régio, António Nobre, o filósofo Leonardo Coimbra, entre outros.
Na biografia de J.K. Rowling refere-se que a escritora passava muito tempo no Café Majestic a trabalhar no primeiro livro “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.

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Fui caminhando, ‘por ruelas e calçadas’, e logo cheguei à zona ribeirinha.
De origem medieval, a Ribeira sempre foi uma zona de muito comércio e de muita vida, devido à proximidade do rio.
Hoje, a Ribeira está cheia de cafés e restaurantes animados, prontos a receber os turistas que passam por esta parte do velho Porto.
Ao reparar nos restaurantes, veio-me à memória a razão pelo qual os habitantes do Porto eram conhecidos como tripeiros. Segundo a tradição, consta que doaram toda a carne à armada que partiu para conquistar Ceuta, em 1415, ficando apenas com as vísceras para comer, o que deu origem a um dos seus pratos mais tradicionais, as “tripas à moda do Porto”.
Mas, deixando a fome para mais tarde – talvez uma francesinha? - a ponte era o meu objectivo.

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Construída como oferenda ao Rei, foi baptizada como Ponte Dom Luis I, em sua honra. Na altura da inauguração, em 1886, o rei não compareceu para dignificar e agradecer a obra-prima. Na verdade, este Rei era conhecido por não “abraçar” o poder real e raramente cumprir os seus deveres reais. Como castigo pela sua conduta, a população local rebaptizou a Ponte, ficando (apenas) Ponte Luís I.
Esta ponte é um símbolo da cidade do Porto. Totalmente construída em ferro, transmite confiança e grandiosidade.
Mas também esta obra esteve prestes a desaparecer da paisagem da cidade…
No início do século XX aconteceu uma das maiores cheias presenciadas na região. Estas cheias foram tão fortes e o rio Douro subiu tanto, que ficou apenas a 80 centímetros do tabuleiro inferior da ponte. Esta situação colocou toda a estrutura em perigo de derrocada. Tendo em conta o cenário catastrófico, foi pensada uma medida de urgência, que envolvia… destruir a ponte com explosivos!
É verdade, os portuenses chegaram mesmo a pensar explodir a Ponte D. Luís!
Mas não. Ela ali permanece, firma e hirta, e o Porto continua a ser a única cidade da Europa com 6 pontes… Bem, a única, a única, não é bem assim, porque a cidade que fica na outra margem do rio, Vila Nova de Gaia, merece o mesmo reconhecimento, ou não?! 









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Pelas escadas do Codeçal fui subindo à parte superior da ponte, uma tarefa difícil, que exige boas pernas e bons pulmões!
Atravessei-a, não sem admirar o belo rio que se estendia aos meus pés, e todo o casario que se estendia nas suas margens. O sol já se preparava para dormir e as cores quentes abraçavam o seu leito. Era lindo.
Desci de teleférico. Outra forma de apreciar a paisagem.
Já nas margens de Vila Nova de Gaia, conseguimos apreciar o tradicional barco Rabelo.
Antes da criação das estradas e dos caminhos-de-ferro, as longínquas quintas do Vinho do Porto eram apenas acessíveis através do Rio. E assim estes belos e característicos barcos, tiveram um papel preponderante na divulgação do delicioso vinho português.
São também considerados uma obra-prima daquele tempo. Foram desenhados para conseguir resistir às correntes rápidas do Rio Douro, conseguiam transportar até 100 barris de Vinho do Porto e uma tripulação de 12 homens.
Crê-se que a última viagem de um Rabelo pelo Rio Douro tenha ocorrido já em 1964.
Hoje em dia, os tradicionais Rabelos continuam a embelezar o Rio Douro, mas agora só na zona ribeirinha, e apenas com fins turísticos.
No lado oposto ao rio, aparecem as caves do Vinho do Porto. São muitas.

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Se antes este vinho era apenas bebido como digestivo e embrulhado como prenda de Natal, hoje em dia é bebido com regularidade e está até na moda.
Felizmente, as novas gerações apreciam cada vez mais o que é nacional, e o Vinho do Porto faz parte desta lista, tendo até já sido criado o Porto Tónico, um cocktail que vem fazer frente ao Gin Tónico.
As caves do vinho do Porto estão cada vez melhores e mais requintadas, com novos bares, restaurantes, salas de prova e visitas guiadas, onde se explica todo o processo de produção deste vinho.
Os provadores do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto são submetidos a regras rígidas para o processo de certificação de vinhos da região demarcada do Douro.
Uma das maiores curiosidades é que estes provadores não podem usar shampoos com cheiro intenso, nem podem usar perfume, para não contaminarem as provas de vinho.
O Vinho do Porto é diferente porque a fermentação não é completa, sendo parada no início e adicionada depois uma aguardente vínica. Por isso é que o Vinho do Porto é naturalmente doce e mais forte do que os vinhos tradicionais.
A cave que visitei foi a Caves Burmester, empresa que chegou ao Porto em 1834.

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       Também digna de visita, e ainda na mesma linha, está a Casa Portuguesa dos Pasteis de Bacalhau.
Muito digna mesmo.
Ao som da música singular de um Órgão de Tubos do Séc. XIX, entramos num espaço amplo, uma espécie de galpão, rodeado de um grande acervo de livros antigos, duas elegantes escadarias, varandins e um impressionante lustre lá no alto. Sentimos a estranha sensação que entrámos numa gigantesca biblioteca que, por algum truque de magia, se transformou num salão de baile de alguma corte do séc. XVI.
Mas não. Trata-se apenas de criar o ambiente perfeito e requintado, para degustar um bom pastel de bacalhau com recheio de queijo e uma taça de vinho do Porto.
Pena o exagero dos preços. Se bem me lembro, 5€ pelo pastel e 15€ pelo vinho!

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Desta feita, atravessei a ponte pelo tabuleiro inferior, e subi pelo funicular dos Guindais, que conecta a Ribeira ao bairro da Batalha, junto à muralha Fernandina.
É outro ângulo sobre a Ponte Luís I, e uma ligação entre duas zonas monumentais da Invicta, uma viagem agradável que abrevia um íngreme percurso de 412 metros.
Escurecia já quando cheguei à Sé, também conhecida como a Catedral do Porto, um dos monumentos mais antigos de Portugal.

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Com uma lindíssima rosácea e uma galilé lateral de 1736 do famoso Nicolau Nasoni responsável pelos Clérigos.
O seu interior é austero lembrando uma igreja fortaleza. Possui um bonito altar em talha dourada do século XVIII e numa capela lateral o famoso “altar de prata” que foi escondido do saque napoleónico durante as invasões francesas, através de uma parede falsa.
O lindíssimo claustro gótico possui fantásticos painéis de azulejos, assim como belos espaços adjacentes
E o que dizer do pelourinho? Que faz este ano… 75 anos! 
À primeira vista, quer pelo estilo rococó, quer pela envolvente secular Sé Catedral, este belo pelourinho parece revestir-se de uma respeitosa antiguidade. Mas, na verdade foi edificado na sequência da demolição dos edifícios envolventes à Sé.
O pelourinho que hoje vemos é uma reconstituição de uma gravura de 1797 e foi inaugurado em 1945.

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As chamadas escadas da rainha, que eram subidas por D. Teresa para ir de sua casa à Sé, ainda lá estão. E, umas casas abaixo da Sé, foi onde Camilo Castelo Branco viveu e frequentemente ia para cima dos telhados cantar canções às moças vizinhas.
E por aqui terminou este meu dia no Porto.
Houve mais, sim, mas o que vale a minha narrativa entre tantas?
É verdade, como escreveu Nuno Júdice, Shakespeare podia ter vivido aqui.
Tantos monumentos, tantas lendas…
Ali viveu o Zé do Telhado, que conheceu Camilo Castelo Branco na Cadeia da Relação, Pedro Cem, rico comerciante que perdeu 100 navios numa tempestade e que se tornou Pedro Sem. Há também o mistério do Tesouro da Serra do Pilar, a do barão Forrester e do seu naufrágio…
Mas, como disse Saramago, 
"O fim de uma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."

…Talvez noutro dia.

2 de fevereiro de 2020

DE FRIDA PARA DIEGO

Desta feita a minha participação nesta colectânea é inspirada em Frida Kahlo.
Esta pintora mexicana teve uma vida complicada, tanto a nível físico como sentimental. 
No entanto, foi um acidente que lhe destruiu o corpo todo, que a despertou para a pintura. 
Hoje é considerada um ícone da cultura popular do México e até do feminismo.

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"De Frida para Diego

Arranco mais uma folha, deste meu diário,
e escrevo para ti.
Ou devia pintar uma tela? …Ou mesmo um mural?
Sim, se o amor fosse uma arte, para ti seria um mural.
Mas não posso sair desta clausura...
A Casa Azul é o meu mundo, o meu abrigo, a minha tela e a minha cela.
Tela mexicana que preencho de cor, a única cor que a minha existência permite.
Sabes que não pinto sonhos, nem pesadelos.
Pinto espartilhos, prisões, sobrancelhas grossas, expressões, corpos que flutuam na banheira...
Quem me chama de Surrealista não conhece a minha realidade…
Dores, desmanchos, desilusões. E mais dores, e desmanchos, e desilusões...
Ressentimento.
Trajo vestidos de veludo que não amaciam a minha vida.
Tecido ilusório, hipócrita, dissimulado.
Não caminho, não sinto o chão,
…‘mas para que preciso de pés, se tenho asas para voar’...?
Gostava de acreditar...
Mas não.
Sento-me à mesa com monstros e esqueletos.
Carrego espinhos ao pescoço e borboletas no penteado...
A marimba toca como se alegrasse o meu leito. Sonho.
Mas acordo e o meu corpo carrega em si todas as feridas, todas as chagas do mundo.
Acidentes que nos partem, o corpo e a alma.
Sem esperança.
Dizem que transformo em arte um corpo quebrado...
Paris acolheu a minha imagem, o meu rosto sem sorriso, as minhas flores.
Se pinto a mim mesma é porque sou sozinha.
Porque me deixas só. Porque pintas tantas outras...
No entanto, guardei para ti o mural da minha vida.
Nem Picasso, nem Kandinsky.
Apenas para ti.
Pois só tu adias o momento da partida.
Sentirias a minha falta?
A minha vaidade acredita que sim...
Mas, tanto vives em cubos, com a simplicidade de quem vive com indígenas,
como pensas, arrogante, que podes controlar o Universo!
Como ousas cantar Neruda e dizer que Deus não existe?...
Talvez.
Para mim certamente que não.
Perdi tanto.
Agora, espero alegre a minha partida e não quero voltar nunca mais…"