23 de maio de 2017

Depois de 'MANCHESTER'

(Dedicado a todas as vitimas)
 
 
E o mundo... fechou!

 O sol brilhava lá fora

 mas não aquecia ninguém,

 a lua cintilava

 mas não inspirava ninguém,

 As ruas ficaram desertas

os poetas morreram, a música calou-se

 ouvia-se apenas o silêncio

 o som do silêncio,

e o vazio...

 Trancaram-se as portas e fecharam-se as janelas,

os jardins pediam os risos das crianças

mas só o vento agitava os seus baloiços

 os teatros, os cinemas, as lojas

só o vento passava por elas...

A poeira cobria pontes e estátuas

a ferrugem outras tantas coisas

 teias, tal cortinados esfarrapados,

 decoravam becos desabitados...

 Os animais partiram

as andorinhas não voltaram

não mais se ouviu o canto do rouxinol

nem o miar do gato no quintal...

 O avô contava histórias do passado

 quando passeava na cidade

quando brincava com o cão

lendas, que ninguém acreditava...

E o bombista suicida, deambulava só

já não tinha uma multidão

não suportou a solidão

 carregou no botão

 e morreu sozinho!


7 de maio de 2017

Lançamento do livro MULHER POEMA

Hoje, dia 7 de Maio, dia da Mãe, foi o lançamento do livro MULHER POEMA

Neste pequeno livro participei com um poema e com um desenho:




  Carta a três Mulheres


 Quem foste tu

 minha grande antepassada

 de outro século,

 de outra vida?

 Uma vida escrava,

 serva, silenciosa,

 ...ou uma rebelde do seu tempo?

 E tu, minha mãe,

 o convento não era para ti,

 mas a liberdade pouco foi também.

 No tempo da outra Senhora

 não te deixaram ser quem querias,

 sociedade de tabus,

 de garanhões apressados,

 que desafiavam touros,

 mas vos rasgavam as saias justas,

 que combatiam na guerra

 mas batiam nas mulheres...

 E vocês, no vosso prazer fingido,

 - mas não muito -

 eram mães,

 pois assim mandava a Igreja,

 limpavam a casa,

 pois assim mandavam

 os viris chefes de família,

 …e ali acabava o vosso mundo,

 o mundo permitido.

 Mas tu, minha filha,

 podes voar!

 Porque nós lutámos por ti,

 usámos mini-saia e tampax,

 fumámos, votámos,

 conquistámos a universidade

 e a pílula,

 militarizámos, dissemos ‘não’,

 e reapropriámos o nosso corpo!

 Não somos mais o segundo sexo,

 morremos e tornámos a nascer.

 Não queremos mais

 um pequeno mundo,

 passamos-te o testemunho

 e agora a corrida é tua:

 Um pequeno mundo?

 Não, se já fomos deusas

 e amazonas,

 podemos com certeza

 ser astronautas,

 montar numa estrela,

 e conquistar o universo!












O meu desenho não foi o escolhido para a capa, mas está a ilustrar uma das páginas do livro