25 de dezembro de 2018




 
Para a colectânea de Natal da Chiado Editora:


'Gato Preto':

Era um pequeno gato preto, abandonado naquele beco, frio e escuro.
Escondia-se debaixo de uma caixa de cartão, mas o inverno começava a trazer a chuva,
e adivinhava que aquele abrigo logo deixaria de o aquecer e proteger.
Mas o que podia fazer? Era um gato preto...

Sujo, arisco e preto.
E ninguém gosta de gatos pretos.
Via as pessoas mudarem até de passeio, só para não se cruzarem com tal criatura azarenta.
Triste sina a sua. Azar sim, mas o seu.
Tantas cores no mundo e tinha logo de ter nascido de pelo escuro e negro.
Ouvira já a história que tinha sido um alto senhor da igreja que há muito, muito tempo,
decidira que todas as mulheres misteriosas, que tivessem um gato preto, eram bruxas.
Elas eram queimadas na fogueira, e os seus gatos também.
Até arrepiou o pelo. O pelo preto.
Era muito difícil, para um pequeno gato como ele, entender isto...
Então os senhores da igreja não eram bons?
Não deviam praticar o bem?
Não deviam proteger as pessoas e os animais, fossem eles diferentes ou não?
Com certeza tinha percebido mal...
Como podia ele, pequena e indefesa criatura, dar azar a alguém?
Nem sequer era assustador...
Por vezes, quando passava à frente de uma loja daquele beco, via a sua imagem refletida no vidro e imaginava-se uma pantera.
Uma pantera negra. Grande, perigosa, forte...
Porque é que uma pantera não dá azar?
Também tem o pelo preto, é um felino...
E ela sim, é assustadora!
Mas não, apenas ele, um pequeno gato abandonado, era azarento.
Ninguém gostava dele.
Estava tão cansado, tão triste, de viver sozinho naquele beco escuro...
Bem, naquela noite, até que não estava assim tão escuro. Espreitou por baixo da caixa de cartão e apercebeu-se que vinha uma nova claridade da rua.
Pata ante pata atreveu-se a sair daquele abrigo e, rasteirinho, foi até à saída do beco.
Pestanejou duas vezes com o brilho que viu.
Luzes cintilavam, sinos dourados acendiam e apagavam,
as montras mostravam pinheiros decorados com fitas vermelhas, azuis, e outros brilhos,
as pessoas carregavam embrulhos decorados…
O que se estava a passar? Que festa era aquela?
Por todo o lado estava escrito Feliz Natal. O que seria esse tal ‘Natal’?
De repente sentiu uma pequena mão a agarra-lo.
Tentou debater-se e esperneou, esperneou,
até deparar com aqueles olhitos brilhantes que encaravam os seus.
Olhos de criança. Haveria algo mais puro?
Desistiu de se debater e rendeu-se aquele abraço caloroso.
Nunca sentira um carinho assim.
A menina sorriu para ele, e os pais sorriram para ela.
Então viu-se a ser levado naquele pequeno colo, para longe do beco escuro,
para longe da caixa de cartão.
Agora tinha uma família. Finalmente tinha um lar.
Seria aquilo o ‘Natal’?
Deixou-se adormecer, tranquilo e seguro, naquele embalo de um caminhar para casa.
Mas ainda ouviu a sua nova amiga sussurrar:
´Vou chamar-te Pantera!´


 UM FELIZ NATAL PARA TODOS!
 
 
Ah! E se puder cuidar dele, com muito carinho e amor, este Natal adopte um Gato!

 

27 de outubro de 2018

BRANCA - Poema para a Antologia 'Entre o Sono e o Sonho' vol X

 


Foi a 21 de Outubro que a Chiado Editora fez mais um lançamento da Antologia de poesia Portuguesa Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho", o Vol. X.
Esta obra reúne cerca de 1000 poemas. A cerimónia de lançamento teve lugar no Grande Auditório do Convento São Francisco, em Coimbra.

 
 
Desta feita participei com o poema ‘Branca’, uma analogia com a conhecida história, que dedico a todas as minhas amigas mulheres:

 

Branca
Vivia na floresta desencantada
Maçã envenenada que comeu
Sete vezes dera o seu coração
E nunca vira o seu reflexo
'Espelho meu, espelho meu...'
Ao primeiro amou sua inocência
Quimera infante que não cresceu
Ao segundo a sua severidade
Mas de tão zangado envelheceu;
'Espelho meu, espelho meu...'
Amou o mestre que a quis ensinar
Mas o amor não se fez aprender
Trocou-o por quem nada fazia
E no vazio se foi perder;
'Espelho meu, espelho meu...'
Conheceu o mais sensível
Mas as lágrimas foram duas
E até com o mais enfermo
As dores foram suas;
'Espelho meu espelho meu...'
Sorriu ao encontrar alguém feliz
Mas era só dele aquele fausto
Deixou a floresta desencantada
Abandonou o negro claustro;
E foi na montanha da neve
Que encontrou o caçador
'Espelho meu espelho meu...'
Agora refletes dois corações
Ele chama-a de Branca de Neve
...para sempre sem os sete anões.
 
 
 

24 de abril de 2018

Um Livro Num Dia



Mais iniciativa da Chiado Editora: 'Um Livro Num Dia'
Para comemorar o Dia Mundial do Livro, 23 de Abril, esta Editora montou um 'escritório' no Jardim Vasco da Gama, em Belém, em pleno Pavilhão Princess Maha Chakri (Pavilhão Tailandês). 
Ali, à vista de todos, seleccionou os contos dos autores e preparou um Livro, que às 19h distribuía. 


Este foi o meu conto:



O Livro Esquecido

Desceu por aquelas escadas de pedra, descalçou os sapatos e sentiu a areia, ainda morna, a abraçar os seus pés.
Era uma agradável tarde de inverno, a brisa soprava morna, mas o mar estava agitado. Tal como ela, por baixo daquela imagem serena, batia um coração inquieto, revoltado, em tempestade.
E era tarde. Tarde em todos os sentidos que o tempo tem…
Trocou a areia tépida pela água fresca e sentiu um arrepio chegar-lhe ao pescoço. Era como que um despertar da sua letargia, do seu sono, de um longo adormecimento. Uma lágrima nasceu e fugiu. Apanhou-a já por baixo do queixo.
Naquele momento sentiu que algo esvoaçava aos seus pés, como que uma borboleta a agitar inúmeras asas, mas presa ao chão… 
Era um livro.
Baixou-se, ajoelhou-se e pegou-lhe com todo o cuidado. A capa descolava-se, as folhas pareciam querer voar. Estava amarelecido, não pelo sol, mas pelo tempo. Por aquele outro tempo que tudo leva: cor, poema, vida, dor… Não, a dor fica.
- Desculpe… - uma voz masculina vinha por trás de si. Quase que saltou.
- Esse livro é meu – continuou ele, ao mesmo tempo que lhe agarrava na mão e a ajudava a levantar-se – Ou melhor, era da minha mãe. Ela gostava muito de vir lê-lo para aqui. E hoje, que a perdi, resolvi fazer o mesmo.
Dos seus olhos nasceram duas lágrimas. Mas as dele não fugiram. Passearam pelo seu rosto, deambularam lentamente pela pouca barba, seguiram pelo pescoço, e ele nada fez para as segurar.
- Eu também perdi a minha mãe – confessou a jovem, admirando a coragem dele – Ela também gostava de vir para esta praia, não para ler, apenas para… ‘sentir o mar’… Tinha tanta coisa para lhe dizer… e não tive tempo…
Ele sorriu ao sorriso triste dela.
Voltou a pegar-lhe na mão, mas desta vez para a fazer sentar-se na areia, ao seu lado.
E ali, à beira mar, folhearam o livro, esquecido e amarelecido, e leram em asas de borboleta.
E a brisa, como alma de dois anjos quentes, envolveu-os num abraço de saudade, murmurando um imperceptível e terno ‘adeus’…



18 de março de 2018

MÉRIDA: Vale a pena visitar

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(Alcazaba)

 Considerada Património Mundial pela Unesco, Mérida conta mil histórias antigas,
ali, mesmo à beira de Portugal e do Guadiana.

Fundada pelo Imperador Octávio Augusto em 25 a.C., com o nome 'Augusta Emerita',
destinava-se a acolher soldados veteranos.
(eméritus, em latim, significa retirado)

É uma cidade cheia de surpresas...
Podemos estar a passear por uma rua cheia de lojas da moda,
de 'recuerdos', restaurantes, bares de tapas,
e, ao virar da esquina, deparamos com um Templo Romano!

Podemos até apreciar um espetáculo num monumental Teatro Romano
com mais de 2000 anos.

Não é em todas as cidades que podemos entrar por uma Ponte Romana
 e deparar com uma Alcáçova Árabe.


Anfiteatro Romano

Foi inaugurado em 8 d.C. e tinha capacidade para 14.000 pessoas.
Das bancadas aplaudiam-se as lutas entre animais, entre gladiadores,
ou entre animais e seres humanos. Faziam-se também corridas.
Podem imaginar a sensação de passar por estas bancadas e pelas catacumbas...
Saber que ali já estiveram gladiadores prestes a enfrentar a vitória ou... a morte...









Teatro Romano

Foi inaugurado possivelmente entre os anos de 16 - 15 a.C. 
e erigido à glória do imperador e do império.
Era um edifício monumental, e ainda é!, com capacidade para 6000 espectadores.
De acordo com a separação social da época,
as bancadas estavam também divididas em 3 sectores:
. O espaço central em frente ao palco para os senadores e magistrados
. Depois os escravos e a seguir as mulheres
 Representavam peças de comédia e tragédia que se tornariam clássicos,
à frente de um cenário decorado com pórticos, colunas e esculturas.
Se o teatro começou por servir os deuses, com dança, mimica, e declamações,
mas acabou por se afastar da religião com a tragédia grega.
No tempo dos Romanos, representar tornou-se um espetáculo digno de um grande império.
 E passou a ser um símbolo, quer na concepção,
quer até na arquitectura, que era monumental. 
Aqui podemos ver um grande exemplo disso.









            










  

Basílica de Santa Eulália

Para os cristãos, este edifício talvez seja um dos mais importantes da Península Ibérica.
Erigido na época do Imperador Constantino, foi o primeiro templo cristão na Hispânia.
A igreja actual foi construída em 1230, mas por baixo tem uma cripta,
onde se podem ver ruinas romanas e visigodas, pinturas murais e,
o que justificou a construção do templo:
o tumulo de Santa Eulália, a menina mártir.
Ela simboliza a persistência da fé cristã face à perseguição romana.
Lenda ou verdade encantada, a história impressiona:
conta-se ali que Eulalia era uma virgem cristã,
entre os 12 e os 14 anos, cuja mãe tinha sido sequestrada de casa.
Na época os cidadãos romanos eram obrigados a fazer sacrifícios aos deuses.
Mas a jovem não aceitou perder a mãe e foi à corte confessar-se cristã,
contra tudo e contra todos.
Depois de queimada e torturada, acabou por morrer e,
nessa altura, uma pomba branca voou da sua boca...













Casa do Mitreo

Esta casa foi construída fora dos muros da cidade romana.
Situa-se junto da Plaza de Toros.
 É muito interessante, pois ainda podemos observar as diferentes divisões,
r algumas sabe-se mesmo a que fim se destinavam, como é o caso da 'sala das pinturas',
pode-se ainda admirar parte do maravilhoso 'mosaico cosmológico'
que demonstra a visão do cosmos deste povo.
 No espaço seguinte, ao ar livre, podemos ainda visitar a 'área funerária de Columbários'
onde se depositavam os restos funerários
reduzidos a cinzas, das famílias romanas mais abastadas.




































Ponte Romana sobre o rio Guadiana

Esta ponte tem 792m de comprimento e 60 arcos
- uma grande obra da engenharia da época!
Foi erigida aquando da fundação de Emérita Augusta.
Já que a calçada romana, que cruzava a Hispânia de Norte a Sul,
e os caminhos que levavam a Lisboa,
Córdova e Toledo-Saragoça, se encontravam em Mérida,
a passagem do rio Guadiana era de importância fundamental
para as comunicações da Península Ibérica.
Daí esta magnifica ponte!


 O passado e o futuro :)



 
O contraste das duas pontes...
                                                     

Alcazaba

'Cidadela', traduzida do árabe: Al-qasbah, ou Alcáçova.
É uma fortificação árabe que data de 835 d.C. e foi o primeiro monumento desta natureza
construído pelos muçulmanos em Espanha.
Junto à margem do rio Guadiana, exibe uma torre, dois pátios, restos de calçada romana,
uma cisterna, e a base de uma casa romana.
Podemos entrar por uns tuneis e encontrar um lago,
naquela iluminação que nos leva ao passado...
Das suas muralhas podemos ver o Guadiana e a Ponte Romana.


















































Estátua da Loba Capítolina

No centro da rotunda, mesmo em frente à Alcazaba, podemos ver 
uma escultura de bronze, que simboliza a Loba Capítolina. 
Está representada a alimentar duas crianças,  Rómulo e Remo.
Como sabem, esta história tem a ver com a fundação de Roma.






Aqueduto dos Milagres


Com 835m de comprimento e 25m de altura, 
é uma excelente representação da capacidade romana.
Como sabem este povo sempre valorizou a recolha de águas pluviais 
e a sua distribuição até às cidades.






  



Fórum Romano

Era assim chamado à principal praça pública das cidades romanas.
Na Emerita Augusta situava-se na intersecção das duas vias principais.
Deste Fórum restam ainda edifícios emblemáticos como 
o Templo de Diana, que data da fundação da cidade,
e o Pórtico do Fórum, reconstruído com o que se conseguiu encontrar no local.
Ambos magníficos, muito embora se possa estranhar 
a proximidade que têm dos prédios que os circundam... 








 Circo Romano


Este Circo terá sido grandioso na sua época, 
com uma arena de 300 m de comprimento por 100 m de largura.
Era o maior edifício público destinado a espectáculos,
patrocinados pelos cidadãos mais abastados.
No museu que lhe dá entrada podemos ver um pequeno filme animado
sobre as corridas que ali se realizavam, de bigas e quadrigas.



Junto ao Circo, podemos ainda admirar uma parte do Aqueduto de São Lázaro,
foi construído no Séc. XVI, aproveitando trechos do antigo aqueduto Romano.




Por fim, fica a sugestão de um restaurante italiano
(pois a cozinha espanhola não é grande coisa e as 'Tapas' foram decepcionantes...)
 Sapori D'Itália
Servem massa sem glúten,
e os meus canelones foram servidos com pétalas de flores.
Uma agradável surpresa, até porque era o meu aniversário ;)







8 de março de 2018

No Dia da Mulher vamos repensar a educação dos nossos filhos


Hoje é Dia da Mulher
O facto de ser necessário atribuir uma data a este género é, por si, já preocupante. Até porque todos os dias deveriam ser Dia da Mulher, Dia do Negro, Dia do Gordo, Dia da Pessoa com Deficiência, ... Dia de Todos. Porque se assim fosse era sinal que não existia descriminação nem #preconceito. Mas há.
Quando pensamos que certas ideias preconceituosas começam a estar no tempo e espaço que merecem, assim tipo Idade da Pedra, eis que nos deparamos com elas, mesmo à nossa frente, tal qual uma chapada na cara! E acordamos para a realidade... Estão na nossa casa, nas ruas, nas escolas.
Crianças com pais modernos, educados, supostamente 'evoluídos', têm na escola atitudes do mais básico preconceito, do mais cruel racismo, do mais intolerante #machismo.
Num estudo publicado recentemente pelo JN foi divulgada uma realidade preocupante: 56% dos jovens que namoram são vitimas de violência. Ou seja, mais de metade dos jovens tinham tido, pelo menos, uma relação onde tinha existido um acto violento. Este acto dividia-se entre violência psicológica (cerca de 18%), perseguição (16%), violência através das redes sociais (12%), controlo (11%), violência sexual (7%) e física (6%).
A investigação foi realizada pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta e contemplou um universo de 3163 jovens, com uma média de idade de 15 anos.
Foi revelado também que no ano passado a GNR recebeu mais de 500 participações relativas a violência física entre namorados e ex-namorados. Curiosamente, esta última foi maior.
O nosso Código Penal, dirigido ao crime de violência doméstica, contempla também as relações entre namorados, que é assim considerado crime público.

Ou seja, pode ser penalizado mesmo que a vítima não o denuncie. Mas a verdade é que, se esta não o fizer, quem o fará?
Apesar do número de queixas ter aumentado, uns tímidos 6%, continua a ser preocupante a falta de denúncia destes casos. Diz, quem realizou o estudo, que as vítimas temem as represálias dos agressores.
Outro factor preocupante é que uma em cada quatro vitimas considera 'aceitável' e 'normal' este tipo de violência, seja psicológica, física ou sexual. A pressão para terem relações sexuais é também encarada com naturalidade pela maior parte das jovens. Situações de controlo do parceiro, como serem 'proibidas' de saírem sozinhas, de usarem certo tipo de roupa, ou até de falarem com amigos, não são reconhecidas como violência por uma grande parte das jovens.
Há necessidade de lançar um alerta, seja aos pais, como aos professores e às instituições. Ninguém se deve colocar à parte destas situações. Toda a sociedade adulta é responsável pela mensagem, pela imagem e pelos exemplos que passa à geração seguinte e, atenção, tenham filhos ou filhas a mensagem tem de ser a mesma.
Alguma coisa está a falhar.
Falhamos nós, pais, que não damos muitas vezes os melhores exemplos; que toleramos que os nossos filhos tenham uma escola onde o mau comportamento não é punido; falha o sistema de ensino que sobrevaloriza a avaliação académica e desvaloriza o comportamento moral; falham os docentes que já há muito adoptaram alguma inércia relativamente à formação individual; falha a cultura de um País que é machista e preconceituosa...
Crianças vitimas de preconceitos, seja a nível sexual, de raça, ou de qualquer outro tipo, tornam-se infelizes na escola e com maus resultados. E por vezes não conseguimos aperceber-nos porque isso acontece.
A escola é o lugar perfeito para todas as crianças terem acesso a informações objectivas, democráticas e honestas. E esta informação estende-se à relação entre sexos opostos. Seria aqui o lugar privilegiado para a criança perceber que é ela quem vai definir a sociedade do amanhã. Se a luta deve começar em casa, deve também ser continuada na escola e logo no jardim de infância.
E não falo apenas numa disciplina, como Cidania. Estes são temas que podem perfeitamente ser inseridos nas disciplinas curriculares, se assim existir vontade. Existem países que já o fazem.
Lança-se algumas ideias:
Em Português, apreciarem textos onde consigam detectar a presença de preconceitos, darem a sua opinião e reflectirem sobre ela. Conhecerem mulheres influentes na cultura literária. Histórias de luta feminina, preconceito e violência. Pedir aos alunos que elaborem um texto sobre uma mulher importante nas suas vidas...
Em História comparar o estereótipo da mulher do século passado com a da actualidade. Aqui também o conhecimento das batalhas que as mulheres travaram ao longo dos tempos, para poderem votar, para poderem trabalhar, para terem os mesmos direitos que os homens, pode ajudar à consciencialização das crianças.
Nas aulas de Tecnologia, falando por exemplo das invenções femininas, tão importantes como o software de computador, o wireless, o frigorífico, os painéis solares, o colete à prova de balas, ou outras interessantes, como o jogo do Monopólio, a cerveja, a seringa, a máquina de fazer gelados...
A Filosofia dá inúmeras possibilidades de debate.
O Teatro possibilita a troca de papéis femininos e masculinos, a possibilidade de 'vestir' e encarnar outro sexo.
Educação Física deve permitir e incentivar equipas mistas, sejam de futebol ou dança. Professores que ainda insistem que os rapazes jogam à bola e as meninas vão fazer coreografias, devem ser afastados do sistema de ensino... Ok, fiquem, mas actualizem-se, por favor!
A luta tem de ser conjunta.
Iniciativas como a que a PSP teve, no Dia dos Namorados, são importantes, mas não chegam se forem isoladas. A operação 'No namoro não há guerra' ficou-se pelas escolas de Lisboa, procurando sensibilizar para a violência doméstica e para o bullying na internet.
Temos de fazer mais.
Ficam algumas dicas:
· Para os meninos, incentive a realização de tarefas como fazer a cama, lavar a louça e outros serviços domésticos;
· No caso das meninas, estimule a participação em actividades como jogar futebol ou outras tarefas ditas “masculinas”;
· Esteja atento ao comportamento dos seus filhos e não aceite atitudes machistas, preconceituosas ou racistas;
· Incentive brincadeiras colectivas, que envolvam tanto as meninas como os meninos;
· Procure conhecer a escola onde os seus filhos estudam, se está alerta, e pune devidamente, atitudes discriminatórias;
E, acima de tudo lembre-se, as crianças não seguem o que lhes dizemos, copiam o que fazemos!
Vamos pensar que um dia teremos realmente Dia da Mulher, quando a nossa filha, a nossa mãe, a nossa avó, forem tratadas com respeito e dignidade, sem sexismos de colegas, de filhos, ou mesmo de maridos.

E, mães, a maior luta está mesmo nas vossas mãos! Tenham coragem de a fazer.