18 de outubro de 2020

Por trás da Cara de um Anjo - As Guardiãs IV

 


No dia 17 de Setembro de 1179 fez-se silêncio no Convento de Rupertsberg: falecia a abadessa Hildegarda de Bingen.

A Guardiã seguinte.

A sua vida de naturalista, terapeuta, teóloga, compositora, poeta, música e dramaturga, terminou aos 81 anos. Foi considerada 'Santa' e 'Doutora da Igreja'.

Porque a escolhi, se era assim tão religiosa?

Hildegarda não era uma comum seguidora dos dogmas católicos, como aqueles que separavam a alma do corpo, e apresentavam Eva como uma traidora.

Para ela a saúde do corpo influenciava o espirito; homem e mulher estavam interligados, e muitas vezes representava Deus como a 'mãe' que amamentava a Criação.

Ela salientou-se numa época em que a intelectualidade estava reservada aos homens, por isso muitos a consideram a primeira feminista da História.

Na altura, muitas famílias preferiam ver suas filhas num convento do que nas mãos de um bruto senhor feudal. Até porque aqui elas conseguiam alcançar um grau de conhecimento muito superior. Ela acabou por se tornar instrutora e conselheira de reis, imperadores, clérigos, Papas, e foi até reformista, criando mosteiros onde só as mulheres estavam no comando.

Num mundo medieval dominado pela insegurança, pelo clero e por senhores feudais, ela não se deixou dominar. Com muita habilidade e trabalho, construiu e administrou dois conventos, escreveu livros de teologia, medicina e ciências naturais, e compôs música sacra. Ela é uma das primeiras compositoras de ópera da História.

No convento, a abadessa afrouxou as regras beneditinas, e acabou com as procissões de freiras que pareciam actos fúnebres. A música era muito importante para Hildegarda. Assim, para receberem o sacramento da comunhão, as suas freiras, vestidas de branco, enfeitadas com flores e com os seus longos cabelos soltos, entoam canções que ela mesmo compunha.

No seu mosteiro, para além de compor peças de teatro e obras musicais, ela cuidava da saúde das moradoras. Não confiava na água do rio da região, aconselhando que as pessoas bebessem cerveja.

Por todas as barreiras que rompeu, Hildegarda foi adoptada como ícone por algumas feministas.

O seu nome batiza um planeta e a ela é atribuída a criação da água de lavanda.

Para Hildegarda de Bingen, Deus existe para aqueles que acham que ele existe.


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